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Nas redes sociais existe o conceito de trend do momento, que se refere a um movimento, ideia, estética, comportamento, produto ou conteúdo que ganha grande popularidade em um curto período, sendo amplamente comentado, compartilhado ou consumido.

Na economia e na política, há uma trend semelhante: o conceito de que o centro de São Paulo está abandonado por falta de segurança, levando as pessoas a optarem por compras online.

Nenhuma das duas percepções reflete a realidade. Segundo dados do FGV IBRE, as vendas totais do comércio varejista online no Brasil representam apenas 16% do total, valor insuficiente para justificar a suposta decadência de regiões como o Brás, tradicional centro de compras popular na cidade.

A região central mantém forte atividade comercial, com lojas de roupas, eletrônicos e produtos diversos.

O caso do Brás também reflete um problema nacional: desde 1994, o poder de compra do brasileiro caiu drasticamente. Hoje, uma nota de R$ 100 equivale a apenas R$ 13,87 daquele ano.

Violência sempre existiu nos grandes centros, mas só recentemente tornou-se um argumento central em discussões sobre abandono urbano.

Além disso, dados do Sebrae mostram que 50% das empresas fecham nos primeiros cinco anos. Segundo o Mapa de Empresas do Governo Federal, em 2023, 2.153.840 empresas encerraram atividades, e apenas no primeiro semestre de 2024 foram 854.150. Falta de gestão e planejamento é apenas um dos desafios enfrentados pelos empresários.

Outro fator crítico é a economia: com uma taxa média de juros de 13,75% ao longo dos anos, o crédito se torna caro, elevando o custo da matéria-prima e forçando o empresário a repassar valores ao consumidor, cuja renda média gira em torno de R$ 3.140. Esse cenário, somado à alta carga tributária, sufoca toda a cadeia produtiva e torna a atividade econômica inviável.

Recentemente, a Prefeitura de São Paulo tem realizado parcerias para enfrentar problemas locais, como a falta de mão de obra. A Associação de Lojistas do Brás se reuniu com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico para firmar convênio com o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate).

No entanto, é possível avançar mais: reduzir temporariamente impostos como IPTU e ISS poderia aumentar o volume de negócios e, consequentemente, a arrecadação municipal. Claro que decisões desse tipo dependem de aprovação na Câmara e têm impacto direto no caixa da cidade.

O que vemos no Brás atualmente é um reflexo direto da política fiscal e monetária nacional. Não adianta apenas policiamento ou restauração da região; sem atacar o problema na raiz — juros altos, impostos excessivos e baixa competitividade — nossa economia continuará sufocada.