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A ilusão da privatização: por que a Petrobras deve permanecer estatal

Recentemente, um renomado economista defendeu a privatização da Petrobras, argumentando que a indústria brasileira já está consolidada e que a gestão privada aumentaria a produtividade. Ele também apontou um sentimento anticapitalista na América Latina como um fator de resistência.

Embora teórica, essa análise não reflete a realidade prática. A privatização do sistema telefônico, por exemplo, prometeu serviços baratos e de qualidade, mas o que vimos foi um aumento nos preços. Entre 2016 e 2022, o Brasil registrou um aumento de 35% nos preços dos serviços de telecomunicação, enquanto a qualidade ainda deixa a desejar. O mesmo se aplica ao setor energético, que sofre com falta de modernização e mão de obra qualificada, como demonstrado pelas frequentes falhas de abastecimento em São Paulo. Em 2023, a Aneel relatou que mais de 17 milhões de brasileiros ficaram sem energia por problemas de infraestrutura.

Privatizar uma empresa como a Petrobras é um erro estratégico. A indústria do petróleo não visa apenas o lucro, mas a segurança energética da nação. A Europa é um exemplo de como a dependência energética externa pode ser perigosa. A Alemanha, antes uma potência industrial, agora depende de gás russo, o que a deixa vulnerável a crises geopolíticas.

Além disso, o fato de ser uma empresa pública não implica necessariamente ineficiência. O Banco do Brasil é um exemplo de serviço público de qualidade, com R$ 36 bilhões de lucro líquido em 2022, provando que a gestão estatal pode ser eficiente e lucrativa.

Por fim, veja a Saudi Aramco, a maior petrolífera do mundo, que é estatal. Mesmo sendo gerida por uma monarquia, ninguém pede que a família real se retire do negócio, justamente por seu sucesso.

O fato de ser público ou privado, não quer dizer que teremos má ou boa gestão.