Queda da Confiança dos Serviços em Junho de 2025
Em junho de 2025, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 1,2 ponto, alcançando 90,7 pontos, devolvendo parte do avanço registrado em maio. Na média
móvel trimestral, a retração foi de 0,7 ponto, consolidando uma tendência negativa ao longo do primeiro semestre. A deterioração da confiança é explicada pela piora tanto da
situação atual quanto das expectativas futuras do setor.
Apesar de um mercado de trabalho aquecido, as empresas esperam redução da demanda no curto prazo, revelando uma redução de expectativas no futuro. O cenário
macroeconômico com pressões inflacionárias e política monetária contracionista reforça a previsão de desaceleração na segunda metade de 2025.
Esse cenário demonstra dissonância entre fundamentos econômicos e percepção empresarial, o que limita decisões de investimento e contratação no curto prazo.
Impactos Econômicos.
a. Atividade Econômica
• A queda da confiança tende a afetar negativamente a atividade econômica no setor de serviços, que responde por cerca de 60% do PIB brasileiro.
• A expectativa de redução da demanda pode levar a menor ritmo de contratações e investimentos, com efeitos defasados sobre o PIB do 3º trimestre de 2025
b. Mercado de Trabalho
• Embora o mercado de trabalho esteja aquecido, a deterioração nas expectativas pode limitar novas admissões, especialmente nos serviços
profissionais e administrativos.
• Pode haver desaceleração na geração líquida de empregos formais nos próximos meses, principalmente em segmentos mais sensíveis ao crédito e à
confiança.
c. Política Monetária
• A persistência do da redução de expectativa empresarial reforça os argumentos para uma postura mais cautelosa do Banco Central quanto à redução da Selic.
• O recuo da confiança pode ser interpretado como um indicativo de que os efeitos
da política monetária contracionista ainda estão sendo absorvidos pelo setor.
d. Investimentos e Inovação
• A baixa confiança desestimula investimentos em inovação, expansão e digitalização, que são cruciais para o aumento de produtividade no setor.
• Isso pode postergar decisões estruturantes, especialmente entre micro e pequenas empresas com menor resiliência financeira.
Perspectivas
O primeiro semestre de 2025 foi marcado por instabilidade na confiança, com o ICS acumulando queda de 3,5 pontos em relação ao mesmo mês de 2024. A continuidade desse cenário pode comprometer:
• A sustentação do crescimento econômico
• O desempenho de segmentos dependentes do consumo das famílias, • A trajetória de desinflação, se houver recuo no nível de atividade.
A queda da confiança do setor de serviços em junho de 2025 sinaliza um alerta importante para a economia brasileira. Apesar de alguns fundamentos positivos, como mercado de trabalho aquecido e relativa estabilidade fiscal, o ambiente macroeconômico ainda é percebido como restritivo e incerto. O pessimismo disseminado pode se traduzir em um segundo semestre de baixo dinamismo econômico, exigindo atenção por parte dos formuladores de política pública.
Assessoria Econômica
Informações: secretaria@cnservicos.org.br