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O ensino técnico de nível médio desempenha um papel estratégico no desenvolvimento econômico e social das nações. Em um cenário global marcado pela rápida transformação tecnológica, pela digitalização dos processos produtivos e pela crescente demanda por competências específicas, a formação profissional se consolida como um pilar fundamental para ampliar a empregabilidade dos jovens e fortalecer a competitividade dos países.  

No Brasil, a relevância do ensino técnico é destacada por instituições internacionais. A OCDE (2019) ressalta que países com forte oferta de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) apresentam melhores índices de inserção laboral, especialmente entre jovens de 15 a 24 anos. Apesar disso, o país ainda apresenta baixa participação relativa: apenas 9% dos estudantes do ensino médio estão matriculados em cursos técnicos, enquanto a média da OCDE ultrapassa 40% (OCDE, 2021). Essa discrepância evidencia o potencial não explorado da EPT brasileira.  

Experiências internacionais demonstram o impacto positivo desse modelo educacional. A Alemanha, por meio do sistema dual, é frequentemente citada como referência mundial: mais de 50% dos jovens passam por cursos técnico-profissionais, o que contribui para taxas historicamente baixas de desemprego juvenil (DEUTSCHER BUNDESTAG, 2020). Da mesma forma, países como Áustria, Suíça, Finlândia e Coreia do Sul estruturaram políticas robustas para integrar ensino, trabalho e inovação, favorecendo a formação de mão de obra altamente qualificada (UNESCO, 2022).  

Para o Brasil, ampliar o acesso e consolidar a EPT é fundamental para enfrentar desafios estruturais, como a baixa produtividade, a desigualdade de renda e o desalinhamento entre escola e mercado de trabalho. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2020), jovens formados em cursos técnicos têm probabilidade até 48% maior de inserção no mercado de trabalho e salários até 18% superiores aos do ensino médio regular. Além disso, programas como o Novo Ensino Médio, o Pronatec e as redes estaduais de Etecs e IFs mostraram que a expansão da educação profissional contribui para reduzir evasão escolar e promover trajetórias educacionais mais consistentes.  

No contexto produtivo, o ensino técnico de nível médio também assume papel essencial no avanço da indústria 4.0, da economia verde e dos setores intensivos em tecnologia. Profissões emergentes — como operadores de sistemas automatizados, técnicos em saúde, desenvolvedores, analistas de dados e especialistas em sustentabilidade — exigem formação técnica sólida e atualização constante, evidenciando a importância de políticas públicas voltadas à formação profissional.  

Em síntese, o ensino técnico de nível médio é uma ferramenta estratégica para promover inclusão, produtividade e inovação. A experiência internacional demonstra que investir na EPT fortalece o desenvolvimento econômico e a coesão social. Para o Brasil, ampliar a oferta e qualificar a formação técnica é um caminho indispensável para construir um país mais competitivo, justo e preparado para os desafios contemporâneos. 

Referências  

  • OCDE.Educationat a Glance 2021: OECD Indicators. Paris: OECD Publishing, 2021.  
  • OCDE. Strengthening Skills in Brazil. Paris: OECD Publishing, 2019. 
  • UNESCO. Technical and Vocational Education and Training Report.Paris: UNESCO, 2022. 
  • DEUTSCHER BUNDESTAG.VocationalTraining Report. Berlin, 2020.  
  • IPEA. Nota Técnica: Retornos da Educação Profissional no Brasil. Brasília: IPEA, 2020.