Nesse final de semana, a democracia foi atingida em seu coração dilacerado, incapaz de pulsar o sangue vital como outrora, frente a tantas barbaridades. O disparo apenas revelou o quão frágeis nós nos tornamos. É momento de refletirmos sobre o quão afastados estamos de uma verdadeira democracia. Na atualidade, possuir uma opinião política diversa já nos torna alvos de punhaladas, balas ou outras formas de violência. A forma não importa; o propósito é sempre silenciar o adversário.
A essência da democracia reside no diálogo e no respeito às ideias divergentes. A democracia não é meramente um sistema de governo, mas uma maneira de viver que exige respeito mútuo, tolerância e a capacidade de conviver com as diferenças. Quando perdemos a capacidade de dialogar e resolver nossos conflitos de maneira pacífica, estamos, na verdade, destruindo os pilares que sustentam uma sociedade justa e equitativa.
Se você odeia seu oponente a ponto de desejar sua morte, ou se rejubila com algo de ruim que lhe acontece, lamento informar, mas você já pereceu por dentro. O que resta é apenas um corpo sem alma. Respeitar e amar o próximo é, acima de tudo, respeitar e amar a nós mesmos.
A democracia deve ser um reflexo da nossa capacidade de união apesar das divergências. Ela deve espelhar nossa habilidade de encontrar um terreno comum, de construir pontes onde há abismos e de promover um diálogo saudável, mesmo quando as opiniões são radicalmente distintas. Quando recorremos à violência para calar vozes contrárias, estamos negando a própria essência do que significa viver em uma sociedade democrática.
Devemos recordar que as grandes transformações e os avanços sociais não se dão pela força bruta, mas através da compreensão e da cooperação. É por meio da conversa, da troca de ideias e do respeito mútuo que edificamos uma sociedade mais justa e igualitária. A violência apenas gera mais violência, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.
Portanto, é crucial que façamos um esforço consciente para resistir à tentação de demonizar aqueles que pensam diferente. Precisamos lembrar que, independentemente de nossas crenças políticas, todos compartilhamos uma humanidade comum. Quando nos permitimos odiar os outros a ponto de desejar-lhes mal, estamos, na verdade, comprometendo nossa própria humanidade.
Para reverter essa perigosa tendência, devemos começar a instruir nossas futuras gerações sobre a importância da empatia, do respeito e da não-violência. Devemos promover uma cultura onde o diálogo e o entendimento sejam valorizados acima da força e da intimidação. Só assim poderemos garantir que a democracia não apenas sobreviva, mas também floresça.
A construção de uma democracia robusta exige esforço contínuo, vigilância e uma dedicação constante aos princípios da liberdade, igualdade e justiça. Não podemos permitir que a violência e o ódio destruam o que levou gerações para construir. É nossa responsabilidade coletiva proteger e fortalecer a democracia, promovendo um ambiente onde todos possam expressar suas opiniões livremente e sem medo de represálias.
Em suma, devemos nos comprometer a ser agentes de mudança positiva, buscando sempre o entendimento e a harmonia em nossas interações diárias. Só assim poderemos honrar a verdadeira essência da democracia e assegurar um futuro mais brilhante e justo para todos.
Não devemos tolerar um milímetro de violência, seja ela qual for.
Por Josué Coimbra