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PIB do 2º Trimestre de 2025: setor de serviços sustenta crescimento em meio a desafios

O setor de serviços registrou um crescimento, sendo o principal motor da expansão econômica. O resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre de 2025 revelou uma expansão de 0,4% em relação ao trimestre anterior e de 2,2% frente ao mesmo período de 2024 . Embora esses números representem uma clara desaceleração frente ao desempenho robusto do início do ano, o país manteve trajetória positiva. O dado central é que esse crescimento só foi possível graças ao setor de serviços, que avançou 0,6%, confirmando sua posição como principal vetor de sustentação da atividade econômica nacional.

Análise do Setor de Serviços

Responsável por cerca de 62% do PIB, O setor de serviços demonstrou resiliência frente ao arrefecimento geral da economia, influenciado por juros elevados, queda nos investimentos e reversão das colheitas agrícolas. Esse desempenho foi decisivo para evitar uma retração mais acentuada do PIB.

Impactos macroeconômicos e estabilidade

O dinamismo dos serviços não se limita a garantir crescimento estatístico. Ele tem efeitos multiplicadores na economia, sobretudo no mercado de trabalho. Como o setor é intensivo em mão de obra, sua expansão ajuda a manter níveis de emprego elevados, sustentando o consumo das famílias, que cresceu 0,5% no período. Esse ciclo de renda e consumo se torna particularmente relevante em momentos de retração de investimentos, já que a demanda interna passa a ser um dos poucos motores de sustentação do crescimento.

Além disso, ao assegurar expansão moderada da atividade, o setor de serviços contribui para um cenário de desaceleração da inflação, especialmente nos serviços prestados às famílias, que têm maior peso no IPCA. Isso abre espaço para o Banco Central avaliar cortes graduais na taxa Selic, atualmente em patamar restritivo. O bom desempenho dos serviços pode ter efeitos indiretos sobre a política monetária,
influenciando positivamente as condições de crédito e de investimento para os próximos trimestres.

Riscos e desafios

Apesar desse quadro, alguns pontos de atenção permanecem. O setor de serviços, embora resiliente, pode sofrer impacto indireto da desaceleração global e de eventuais restrições comerciais externas, como as tarifas recentemente cogitadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Além disso, sem retomada consistente dos investimentos produtivos e da indústria de transformação, a economia corre o risco de permanecer excessivamente dependente do consumo corrente e de serviços, limitando ganhos de produtividade e de crescimento sustentado.

Conclusão

O segundo trimestre de 2025 evidencia uma economia em transição: menos vigorosa do que no início do ano, mas ainda resiliente. O setor de serviços se firmou como o pilar de sustentação do PIB, garantindo
expansão em meio a juros elevados e recuo de outros segmentos. Seus impactos sobre emprego, renda e inflação reforçam seu papel estratégico não apenas como sustentáculo conjuntural, mas também como fator decisivo para as perspectivas do segundo semestre.

Em síntese, embora os riscos internos e externos persistam, o desempenho do setor de serviços mostra que a economia brasileira mantém fundamentos capazes de assegurar crescimento moderado, desde que acompanhados de políticas que incentivem a retomada dos investimentos e melhorem a produtividade.

Carlos Eduardo Oliveira Jr.
Assessor Econômico
Informações secretaria@cnservicos.org.br