Inflação de Serviços tem nova Desaceleração em Maio
Em maio de 2025, a inflação de serviços medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma alta de 0,18%, mantendo-se estável em relação aos 0,20% registrados em março. Apesar dessa estabilidade mensal, o acumulado em 12 meses mostra um aumento de 5,80%, que é levemente inferior aos 6,03% do mês anterior. Essa diferença pode ser atribuída a uma base de comparação mais baixa em 2024, refletindo as dinâmicas econômicas em curso.
O IPCA geral de maio ficou em 0,26%, uma diminuição significativa em relação aos 0,43% observados em abril. Essa desaceleração na inflação geral pode ser vista como um sinal positivo, indicando que as pressões inflacionárias estão começando a se amenizar. No entanto, é importante notar que a inflação de serviços não acompanhou essa tendência de queda, sugerindo que o núcleo da inflação, especialmente aquele menos volátil, continua sob pressão.
Pressões estruturais:
Apesar da desaceleração no índice cheio, o componente de serviços segue com comportamento resiliente, acumulando alta de 5,80% em 12 meses. Esse dado revela rigidez nos preços associados ao setor mais intensivo em mão de obra, refletindo:
• Um mercado de trabalho ainda aquecido, especialmente no setor de serviços urbanos;
• Reajustes contratuais indexados a índices passados de inflação;
• Repasse gradual de custos regulados, como energia e planos de saúde.
Impactos macroeconômicos
Poder de compra e renda real: Com uma inflação acumulada de 5,32% em 12 meses, o poder de compra das famílias segue pressionado, especialmente entre os mais pobres, que destinam maior proporção de sua renda para itens de alimentação, energia e transporte. Apesar do alívio recente, a inflação ainda supera o crescimento médio dos salários reais em diversos setores, o que pode reduzir o consumo das famílias nos próximos meses.
Política monetária e Selic: O cenário inflacionário atual é ambíguo para o Banco Central. Por um lado, a desaceleração do IPCA nos últimos três meses favorece a continuidade dos cortes na taxa Selic. Por outro, o nível elevado da inflação de serviços e o IPCA acima do teto da meta há oito meses consecutivos colocam o BC em posição de cautela.
Atividade econômica: Uma inflação em desaceleração, mas ainda elevada, gera efeitos mistos sobre a atividade:
• Consumo tende a crescer de forma moderada, sustentado por inflação menos corrosiva e
transferências sociais;
• Investimentos seguem travados pela incerteza fiscal e pela Selic ainda elevada;
• Crédito permanece caro e seletivo, refletindo tanto o custo do capital quanto o risco
macroeconômico percebido pelas instituições financeiras.
A leitura de maio do IPCA é positiva ao indicar um arrefecimento do índice cheio e uma reversão das pressões de curto prazo. No entanto, os fundamentos da inflação ainda não se mostram plenamente sólidos, sobretudo pela persistência do núcleo de serviços, das pressões administradas e da vulnerabilidade fiscal.
Em outras palavras, o Brasil caminha para um ambiente de inflação mais controlada, mas ainda instável e exposto a riscos internos e externos, o que exigirá vigilância constante da política econômica e atenção redobrada do setor produtivo, dos investidores e dos consumidores.
Carlos Eduardo Oliveira Jr.
Assessor Econômico
Informações: secretaria@cnservicos.org.br