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Lorenzo Rea, 23 anos, fala sobre a escolha da profissão; como vê o cenário atual brasileiro; e seus planos futuros como Mestre em Economia

Recentemente, realizamos em nossos canais de comunicação uma campanha para estimular o Registro no Corecon-SP por parte dos alunos de Ciências Econômicas do estado de São Paulo.
Trouxemos informações sobre como se registrar, destacando que o documento é gratuito, pode ser feito de forma online e traz diversos benefícios para os alunos, especialmente a credibilidade oferecida pelo registro no órgão de classe que valoriza e defende os Economistas. Ter a carteira de estudante de economia já demonstra vontade e responsabilidade no exercício da profissão.
E hoje para reforçar o quanto a área da Economia é apaixonante, com muitas oportunidades de atuação, nós traremos uma entrevista com um aluno muito especial. Um aluno, cuja história servirá certamente de muita inspiração para todos os jovens que escolheram a mesma carreira.
 Lorenzo Rea, aluno do último ano de Economia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), falou ao Conselho sobre as suas preferências; desafios, economistas que admira; o que pensa da economia atual do Brasil; e claro, sobre seus planos para o futuro, que inclui o mestrado que iniciará em 2023. Ele foi selecionado em mais de cinco instituições de ensino e em breve será Mestre em Economia.
 Ele traz também em nosso bate-papo um importante recado para os colegas da Economia: “registrem-se no Corecon-SP”.

Confira a entrevista!

Nome e idade

Lorenzo Rea, 23 anos

 Onde mora

Santo André (SP)

Que faculdade cursa?

Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)

O que te levou a cursar economia?

Em princípio, havia em mim, assim como em muitas pessoas com interesse pelo curso de economia, uma vontade de descobrir o funcionamento da bolsa de valores, do câmbio, do mercado financeiro.

No entanto, sempre gostei de pensar sobre problemas, buscar soluções. E logo descobri que a economia é um campo fascinante para este tipo de busca racional sobre a realidade, tendo como objeto do estudo os sistemas econômicos e o funcionamento destes.

Assim, a união destes dois elementos foi decisiva para me fazer ingressar no curso de economia, escolha da qual não me arrependo absolutamente.

Quais são suas inspirações na área?

Acredito na busca por uma sociedade melhor, onde as pessoas vivam mais felizes. Existe uma frase que gosto muito, provavelmente atribuível a Martin Lutero, que diz: “Ainda que o mundo terminasse amanhã, ainda hoje eu plantaria minha árvore de maçãs.” Ou seja, independentemente das circunstâncias, temos que dar o melhor de nós para que o amanhã seja melhor do que hoje.

Na Economia, Keynes postulava algo semelhante, ao dizer que se o melhor que a economia poderia oferecer em tempos de crise era não fazer nada, então tratava-se de uma ciência realmente pouco útil. Keynes, portanto, acreditava que como economistas temos um papel social e que a economia deve estar a serviço da sociedade.

No contexto no qual ele falava, aquele da Grande Depressão do século passado, ele bem entendeu que a eficiência do mercado não pode ser colocada adiante do interesse de milhões de pessoas, que na época estavam desempregadas e passavam fome, após o colapso da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Assim, era necessário que o Governo interviesse na Economia, caso contrário, milhões de pessoas seriam mortas em nome do livre mercado a todos os custos.

Que áreas mais gosta dentro da Economia?

Minha preferência vai às áreas de Macroeconomia, Economia Brasileira e Desenvolvimento Econômico. São efetivamente áreas interligadas dentro do estudo da economia no nosso País, uma vez que o debate acerca do desenvolvimento econômico é intenso em países ainda em desenvolvimento. Em particular, dentro da questão do desenvolvimento, gostaria de aprofundar o debate acerca da importância do uso da tecnologia para esse processo. A experiência chinesa, por exemplo, sugere que é crucial assimilar a tecnologia de outros países, dominá-la e, enfim, reproduzi-la, de forma autônoma, pois, entre outros fatores, este foi determinante para que em poucas décadas a China se transformasse de um país atrasado e agrário para uma potência industrial e tecnológica.

O que acha da nossa economia atual?

Infelizmente a economia brasileira estagnou há quase uma década, o que, para uma economia que no século passado foi sinônimo de crescimento, é uma constatação triste.

Os economistas geralmente concordam em considerar que as políticas da presidenta Dilma foram equivocadas e não conseguiram estimular a continuação do crescimento do período Lula, ainda mais em um contexto de desaceleração mundial e de baixa dos preços das commodities.

Após o impeachment, foi adotada uma condução da política econômica de cunho neoliberal, visando baratear o custo do trabalho e dinamizar o setor privado. Os resultados não foram encorajantes do ponto de vista do crescimento e a pandemia da Covid-19 também atrasou o processo de recuperação econômica.

Com o crescimento deste ano, deveremos recuperar (e ultrapassar) pela primeira vez o nível anterior à crise de 2015-2016, o que é um bom sinal. No entanto, o produto da indústria de transformação brasileira continua substancialmente abaixo do seu máximo histórico alcançado em 2008, o que sinaliza dificuldades evidentes de recuperação por parte de um setor que é impulsionador do crescimento econômico.

Nosso principal desafio – acredito eu – é a retomada do crescimento da indústria de transformação e, principalmente, daqueles setores mais próximos da fronteira tecnológica, os quais, segundo abordagens teóricas recentes como a da complexidade econômica, seriam fundamentais para acelerar a dinâmica de desenvolvimento econômico do nosso País.

O que espera da economia do nosso país?

É a pergunta provavelmente mais difícil. Com certeza todos gostaríamos de ver uma retomada vigorosa do crescimento econômico, mas o que veremos?

A orientação do novo Governo é evidentemente mais intervencionista, o que deverá favorecer o crescimento dos investimentos públicos, com impactos positivos na economia. Por outro lado, a PEC da transição, agora aprovada, que autoriza a desvinculação de 145 bilhões de Reais do teto de gastos, principalmente para auxílios e investimentos, se bem que reduzida no valor, ainda assim alarma o mercado financeiro, criando um ambiente de incerteza que precariza o aumento dos investimentos privados no contexto atual.

Caso este alarme prevaleça no novo ano, é provável que ocorra a manutenção da taxa de juros em patamares elevados, de maneira a minimizar as expectativas de inflação do Real, o que deverá ter um efeito ainda contracionista sobre a economia. Enfim, os maiores estímulos esperados na área de Ciência e Tecnologia deverão ter efeitos positivos, mas somente no longo prazo.

O que te levou a pensar no mestrado?

Acho que tenho um perfil para fazer pesquisa. Sempre gostei bastante de pesquisar, estudar. E fazer um mestrado requer executar esse tipo de tarefas. Também tenho interesse em dar aula, o que requer pelo menos o grau de mestre.

Assim, fazer o mestrado tem sido um meu objetivo desde o final de 2019, quando comecei a ter a ideia de um dia ser professor.

Quais seus planos para o futuro?
 Além do desejo de seguir carreira acadêmica, ao momento, pretendo continuar me qualificando. Existem vários cursos que podem ajudar o economista, como, por exemplo, no campo da análise de dados.
 São cursos que abrem portas para o economista atuar de várias maneiras, mesmo como autônomo, na qualidade de consultor, perito etc.
 Você foi selecionado em algumas instituições de ensino. Já sabe qual universidade escolher para fazer seu mestrado?
 Vou escolher a Unicamp. É uma instituição consolidada e com um ótimo conceito CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no seu Mestrado de Economia, além de ser uma das melhores universidades do País.
 Qual sua reação/sensação ao saber que havia sido selecionado?
 Fiquei feliz e um pouco surpreso. Temos sempre um pouco de ansiedade antes de conhecermos o resultado, então fiquei positivamente surpreso.
 Que dica daria para quem está em dúvida sobre escolher a Economia como profissão?

Venha para economia! Brincadeira (risos)! Bom, eu acho que é preciso escolher uma profissão que combine com a personalidade, as atitudes e predisposições de cada um.

Como disse anteriormente, o aspecto de racionalização dos problemas presente nas ciências econômicas bem se adequou ao meu jeito de ser, pois costumo ser uma pessoa que gosta bastante de refletir.

Acho que talvez as pessoas possam olhar para si, definir o que elas gostam e buscar em qual profissão elas vão poder fazer o que amam, ou também, encontrar qual profissão precisa de certa característica ou qualidade que está presente nelas.

E como estudante de Economia você é registrado no Corecon-SP? Por que achou importante se registrar?

Sim, sou. Registrar-se é importante porque valoriza a profissão do economista, sobre a qual, na verdade, pouco se sabe. Ao ingressar no Corecon, logo no começo, esteve em pauta a questão da reconhecibilidade da profissão do economista. O que que o economista faz? As pessoas não sabem, no entanto, todo mundo sabe quais são as funções do médico, do engenheiro, do advogado…

Prestigiar a importância da sua futura profissão é o primeiro passo para garantir que o economista obtenha o crédito pelos seus esforços dentro da sociedade civil.

Além disso, uma vez formado, o registro permite ao economista atuar como autônomo em diversas áreas, fornecendo consultorias, por exemplo.

As diversas atribuições do economista podem ser consultadas em: Campo Profissional | Coreconsp.

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