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O agronegócio brasileiro, um dos maiores e mais competitivos do mundo, desempenha um papel crucial não apenas no abastecimento interno, mas também nas exportações de produtos alimentícios e commodities. O Brasil se consolidou como uma potência agropecuária, impulsionado por sua vantagem comparativa. No entanto, o setor enfrenta desafios contínuos, especialmente no que diz respeito a pressões externas, como barreiras comerciais e disputas geopolíticas. Como o Brasil continuará a se destacar em um mercado cada vez mais polarizado e competitivo?

Você já se perguntou quais mercados compõem o agronegócio?

1. Insumos: Fertilizantes, defensivos, sementes, máquinas e insumos veterinários.

2. Produção Primária: Cultivo de grãos, frutas, hortaliças, pecuária, florestas e aquicultura.

3. Agroindústria: Processamento de alimentos, bebidas, têxteis, biocombustíveis e derivados.

Vantagem Comparativa

Segundo a Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo, um país deve se especializar na produção de bens e serviços nos quais possui maior eficiência, enquanto importa aqueles em que é menos eficiente. O Brasil exemplifica esse conceito com maestria, ao se concentrar na produção de commodities agrícolas e alimentos, áreas nas quais possui uma vantagem natural. O país tem, por exemplo, um clima favorável, vastas terras agricultáveis e tecnologia crescente em técnicas de cultivo e pecuária.

O Brasil sempre foi um país agrário, desde o período monárquico, quando exportávamos café, açúcar, algodão, tabaco, cacau e borracha. Essa vocação agrária foi mantida até o Governo Getúlio Vargas, quando começamos a investir na indústria de base.

Essa política agrária, combinada à nossa vantagem comparativa, transformou o Brasil em uma das maiores potências agropecuárias do mundo.

É claro que essa ascensão não aconteceu por acaso. Em 1973, durante o regime militar, foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O objetivo dessa instituição era fornecer subsídios tecnológicos ao setor agropecuário, e graças a essa política pública, o Brasil alcançou uma produtividade impressionante.

Políticas de apoio

Subsídios e investimentos estratégicos desempenharam um papel crucial no fortalecimento do setor agropecuário brasileiro. A combinação de incentivos fiscais, créditos subsidiados e investimentos em infraestrutura contribuiu para consolidar o Brasil como um dos principais players globais no agronegócio. No entanto, a questão dos subsídios permanece controversa, especialmente quando se considera o impacto sobre o mercado interno e a concorrência internacional.

Nos últimos anos, o apoio governamental ao setor foi gradualmente reduzido, o que pode ser visto como um indicativo de que o papel do Estado deve ser o de indutor da indústria, criando apoio educacional, subsídios e promovendo o setor no mercado externo.

Quais países mais subsidiam o agronegócio?

União Europeia: 19,33%

OCDE: 18,07%

China: 12,17%

Estados Unidos: 11,03%

Rússia: 6,68%

Brasil: 1,35%

A União Europeia tem a Política Agrícola Comum (PAC), um conjunto de diretrizes e ações estabelecidas para apoiar a agricultura e o desenvolvimento rural dentro da UE. A PAC inclui o financiamento para apoiar o rendimento dos agricultores.

Coincidentemente, a França, que faz parte do bloco que mais subsidia o setor agrícola e pecuário, tem travado uma guerra comercial contra o Brasil.

Após a visita recente do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil, um opositor da União entre o Mercosul e a União Europeia, uma empresa francesa anunciou embargo à carne brasileira. Os motivos para esse e outros embargos são conhecidos: em algumas ocasiões, são alegações sanitárias, mas agora, a pressão sobre o agro brasileiro se dá em grande parte por questões ambientais.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil possui a maior rede de áreas terrestres protegidas do mundo, o que representa 54% de todo o território da Europa. Esses dados evidenciam o compromisso ambiental do Brasil, que segue sendo, frequentemente, alvo de pressões externas.

Boicote solidário

O que chama atenção é que, além das questões ambientais, o boicote empresarial promovido se dá em solidariedade ao agronegócio francês. Mesmo com padrões de qualidade que atendem aos mercados mais exigentes, como os Estados Unidos, Japão e Oriente Médio, o Brasil continua a enfrentar desafios que vão além da concorrência justa. O protecionismo e as disputas geopolíticas são fatores cada vez mais presentes nesse cenário.

Conclusão

O agronegócio brasileiro, com sua produção de ponta e capacidade de atender aos mercados mais exigentes, continua sendo um dos maiores motores da economia global. No entanto, os embargos e as pressões externas mostram que a competitividade do Brasil no setor agropecuário não depende apenas de sua capacidade produtiva, mas também de sua habilidade em lidar com questões geopolíticas, ambientais e comerciais.

O Brasil deve se posicionar de forma estratégica, defendendo seus interesses comerciais no cenário internacional, ao mesmo tempo em que continua a investir na sustentabilidade e na preservação do meio ambiente. Em um mundo cada vez mais interconectado, o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental será decisivo para o futuro do agronegócio brasileiro e sua liderança no mercado global.