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O verbete “Economia”, na Grécia Antiga, indicava a perspectiva de “administrar a casa”. Isto é, o patrimônio do ponto de vista particular, enquanto a administração da “polis” [cidade-estado], remetia à “economia política” (SANDRONI, P, 2002, p. 188-9). Creio que, por isso, o conceito de economia verde esteja ganhando tanta importância. Descarbonizar é o que importa!

Não basta mais administrar a nossa casa, negócios ou Estados. É claro que isso ainda é fundamental. Contudo, é imperativo cuidar do planeta. Todos podemos fazer algo nesse sentido. No caso brasileiro, aliás, essa pode ser uma excelente oportunidade, tendo em vista até mesmo alguns importantes ativos que o País já possui.

De acordo com a BP Statistical of Word Energy, com dados de 2021, o Brasil tinha 46,2% de fontes renováveis em sua oferta primária de energia. O segundo do ranking era o Canadá, com 29,9%. Os países da OCDE tinham 15,1%, no mesmo período. Muito embora seja um indicador que nos dá uma boa vantagem, não podemos nos acomodar “em berço esplendido”. Nosso crescimento anual na oferta dessas fontes, entre 2001 e 2021, foi de 0,4% a.a., enquanto nos países do G20 essa taxa foi de 5,6% a.a. (FARIA; MORCEIRO in FEIJÓ; ARAUJO [orgs], 2023).

O professor Bresser, ao prefaciar o livro acima citado, disse: “O país, dotado de riqueza natural e com uma matriz energética considerada limpa, está diante de uma janela de oportunidade para recuperar seu parque industrial, com a adoção de uma política industrial verde”. Cabe a nós [economistas] e [advogados, por que não dizer] ajudarmos pessoas, empresas e governos a transformar a realidade em busca de uma economia verdadeiramente verde.

Aliás, verde é a cor da esperança. Além de ser a cor da camisa do meu time de futebol amado. Desculpem pela digressão. Voltemos ao tema.

Algumas iniciativas, no Brasil, já estão em curso. Tratei de uma delas aqui neste espaço: a NIB (Nova Indústria Brasil), a política industrial que tem a missão de ajudar o setor e, em paralelo, acelerar a descarbonização e a inclusão social. Contudo, a indústria lato sensu é algo muito heterogêneo e cada segmento tem peculiaridades na cadeia produtiva. Há que se estudar as melhores intervenções em cada subsetor industrial. Produzir alumínio é muito diferente de produzir roupas, por exemplo, tendo em vista a necessidade de energia em cada um dos processos.

Essa particularidade abre um espaço extremamente rico para a intervenção dos profissionais dedicados ao tema [economia verde]. Recentemente, a prestigiada consultoria McKinsey & Company indicou que a indústria da moda pode reduzir as suas emissões de gases com efeito estufa em mais de 60%, investindo apenas 2% das suas receitas. Vejam que é uma taxa de retorno espetacular; para o planeta e para a empresa. Contudo é preciso compreender o tamanho deste desafio e, claro: colocar a sustentabilidade no centro das decisões dos modelos de negócio do setor.


Que tal começar essa jornada, em direção à Economia Verde, agora?