O Brasil está no centro de um crescimento explosivo no mercado de apostas esportivas, posicionando-se como o 4º maior mercado mundial, segundo um estudo divulgado pela Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia), a H2 Gambling Capital e o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).
Por trás desse cenário promissor, porém, há um alerta preocupante. Em um país onde 60% da população vive com menos de R$ 5.000,00 por mês e as taxas de endividamento são altas, como mostram programas como o Desenrola Brasil, as apostas podem se tornar um caminho arriscado. A combinação entre pobreza e o fácil acesso às plataformas de apostas tem o potencial de agravar a já delicada situação financeira de milhões de brasileiros.
A falta de perspectivas econômicas e a ilusão de ganhos rápidos e fáceis têm atraído muitos brasileiros para esse mercado. Além disso, a paixão nacional pelo futebol também tem impulsionado o crescimento das apostas esportivas.
Dessa forma, a junção de dificuldades financeiras e a promessa de recompensas rápidas, aliada à forte cultura esportiva, especialmente o futebol, formam um ambiente fértil para o avanço das apostas — mas com riscos significativos.
Arrecadação
O estudo indica ainda que um mercado de apostas esportivas com muitas restrições poderia resultar em uma perda de receita tributária de US$ 1 bilhão para o governo brasileiro entre 2025 e 2028.
Proibição
Temos um problema. Com a facilidade da Internet, é impossível proibir uma empresa de apostas de operar no Brasil. Seguir por esse caminho apenas abre a porta para os apostadores buscarem alternativas.
O cigarro é um exemplo: na busca por um produto com preço mais acessível, o consumidor opta por produtos de origem duvidosa. E para fugir da tributação, alguns comerciantes seguem a mesma estratégia.
Portanto, sobretaxar ou proibir esse mercado pode resultar em perdas para o Estado, que deixaria de arrecadar receitas importantes.
O setor estima que o gasto líquido anual com apostas no Brasil seja de R$ 16,3 bilhões. Já no estudo da autoridade monetária, ou seja, o Banco Central, o mercado foi avaliado em R$ 34,9 bilhões. Esse valor é superior ao valor de mercado da Companhia Siderúrgica Nacional, que fechou o último pregão cotada em R$ 10,64 por ação, o que significa uma capitalização de mercado de R$ 14,11 bilhões. A Marcopolo, considerada a maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo, tem um market cap de R$ 9,74 bilhões.
Esses exemplos nos mostram que o setor de jogos online é uma tendência que veio para ficar. E o Brasil é um terreno fértil para esse segmento, pois estamos vivenciando um boom inicial, e a próxima fase será a consolidação desse mercado.
Portanto, é fundamental prepararmos o mercado para absorver e extrair o melhor que esse setor pode oferecer.
Solução: Regularização
Entendo que o caminho mais adequado seja a regulamentação das apostas esportivas e, por que não, dos cassinos? O Brasil, com suas belezas naturais e sua infraestrutura turística em expansão, poderia se tornar um destino ideal para esse tipo de empreendimento.
Se observamos a transformação de Las Vegas, podemos tirar lições importantes. Até 1955, Las Vegas era um grande deserto pouco habitado. A legalização dos jogos e a construção dos cassinos em 1941 mudaram o destino da cidade, que se tornou um ícone mundial de entretenimento e diversidade. Um exemplo claro de como a regulamentação pode criar um polo de desenvolvimento econômico, gerando emprego, renda e atraindo investimentos para regiões que, de outra forma, estariam à margem do crescimento.
Além disso, seria crucial criar um fundo com parte da arrecadação das apostas e dos cassinos, destinado à educação de base, que é o maior gargalo da educação brasileira. Ao direcionar esses recursos para a melhoria da educação, principalmente nas regiões mais carentes, o Brasil teria a chance de promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.
Com um mercado bem regulado, poderemos transformar as apostas e os cassinos em um instrumento de avanço social, contribuindo para a construção de um país mais justo e menos desigual.
Miuito Bom !!!