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Nos últimos anos, estamos assistindo à degradação do Centro de São Paulo. Recordo-me quando criança da Avenida São João cheia de carros, lojas e cinemas abertos. E quem não se lembra do Gato que Ri, no Largo do Arouche? O Centro paulistano tinha um charme de cidade cosmopolita e, ao mesmo tempo, nos entregava um ar romântico.

Porém, desde o começo dos anos 2000, ele tem se regenerado lentamente. O grande culpado? A especulação imobiliária. Essa tem sido a resposta de conveniência.

Governo

O atual Vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, teve a ideia de criar o Centro Integrado de Administração do Estado (CIDADE). O que é isso? Ele apenas levou para o Centro diversos órgãos de Administração do Estado.

Resultado: não deu certo.

Atualmente, o Governador Tarcísio de Freitas faz o mesmo caminho ao mudar a Sede do Estado para o Centro. O que esperar dessa atitude? Nada, pois não irá funcionar novamente. É incrível como nossos governantes insistem em fórmulas que não deram certo.

Para encontrar soluções eficazes, seria útil estudar exemplos de sucesso em outras cidades ao redor do mundo. Cidades como Medellín, na Colômbia, passaram por transformações urbanas significativas através de projetos integrados que incluíram melhorias no transporte público, segurança e desenvolvimento econômico local. Uma abordagem multifacetada e inovadora poderia trazer resultados mais positivos para o Centro de São Paulo.

Economia

O problema do Centro de São Paulo é um reflexo de nossa economia. Ao longo do ano de 2023, o Brasil teve 2.153.840 empresas fechadas, segundo dados do Mapa de Empresas, fornecido pelo governo federal. São Paulo aparece no topo da lista, com 615 mil empresas fechadas no ano passado.

Esses números nos mostram que o Centro da maior cidade da América Latina está falindo não por conta da segurança na região ou da suposta especulação imobiliária, mas por conta do recuo econômico do Brasil. Se São Paulo está dessa maneira, não gosto nem de imaginar como anda o restante do Brasil.

Tudo começou após a passagem do regime militar para o atual. Naquele momento, o Brasil tinha uma economia fechada. Sua abertura iniciou-se no governo José Sarney, passando por Collor e sua abertura completa na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Ao longo de todos esses governos, o país privatizou indústrias importantes para o Brasil. Chegou ao ápice de desincentivar a indústria nacional; um bom exemplo disso foi a Gurgel, que acabou falindo.

Também passamos por uma mudança estrutural no mundo ao longo desse período e, com a substituição de lojas de rua por lojas virtuais e diversos empregos sendo extintos, resta-nos apenas o aumento da inópia.

Soluções Propostas

Para resolver o problema do abandono do Centro, é preciso resolver a economia de forma global, entender quais são as características do Brasil e investir em sua industrialização e capacitar seu povo. Além disso, políticas públicas inovadoras e integradas são essenciais.

Propostas como a reindustrialização precisam ser acompanhadas de uma visão prática e sustentável. Por exemplo, incentivos fiscais para pequenas e médias indústrias, programas de capacitação técnica adaptados às necessidades atuais do mercado e investimentos em infraestrutura urbana podem fazer uma grande diferença.

Outra abordagem seria criar zonas de inovação no Centro, atraindo startups e empresas de tecnologia com benefícios fiscais e suporte logístico. Além disso, a revitalização de áreas históricas para uso misto, combinando residências, comércio e lazer, pode ajudar a reativar a economia local e trazer de volta a vida ao Centro.

Conclusão

Sem uma ação coordenada e inovadora, estaremos apenas “secando gelo”. É essencial aprender com exemplos bem-sucedidos de outras cidades e adaptar essas lições à realidade paulistana para conseguir uma revitalização duradoura e efetiva.

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