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Após décadas de um mercado fechado e limitado, especialmente nas indústrias automobilística e eletrônica, o Brasil experimentou um avanço significativo na popularização dos serviços bancários e financeiros. Esse fenômeno é um resultado direto da globalização e da acessibilidade proporcionada pela internet, que abriu portas para novos investimentos e oportunidades.

Até recentemente, as opções de investimento para o brasileiro médio eram bastante restritas, limitando-se principalmente à poupança, alguns títulos de renda fixa e, curiosamente, aos títulos de capitalização. Até os anos 1990, até mesmo a aquisição de linhas telefônicas e carros era vista como uma forma de investimento. Essa mentalidade histórica ajuda a entender por que muitos brasileiros ainda consideram a compra de um carro como uma desvalorização inevitável, sem perceber que se trata, antes de tudo, de um meio de transporte.

Com a abertura econômica do país e o avanço pós-Real, combinado ao progresso tecnológico, o mercado financeiro brasileiro se destacou na América Latina, mesmo permanecendo relativamente concentrado e pequeno em comparação global. A B3, a Bolsa de Valores brasileira, tem uma capitalização de mercado que ultrapassa os US$ 900 bilhões, com um volume mensal de negociações de aproximadamente US$ 60 bilhões e cerca de 400 ações listadas, embora nem todas sejam ativamente negociadas.

No entanto, comparado a outros mercados internacionais, o Brasil ainda está distante. A Bolsa de Valores de Teerã, por exemplo, possui uma capitalização de US$ 1,7 trilhão, apesar do Irã ser a 37ª economia mundial, enquanto o Brasil é a 9ª. Em 2024, o desempenho das principais bolsas internacionais e da B3 reflete a dinâmica do mercado financeiro global:

– NYSE (Nova York): Retorno de aproximadamente 13%
– Euronext (Europa): Retorno de cerca de 5,5%
– LSE (Londres): Retorno de aproximadamente 4%
– B3 (Brasil): Retorno de cerca de -5,33%

Apesar da maior acessibilidade aos mercados, o investidor mais atento notará que o retorno no mercado de capitais internacional pode ser mais atrativo. No entanto, operar nesses mercados não é tarefa simples, exigindo um conhecimento amplo sobre economia, regras de mercado e o cenário político. Assim, embora o setor financeiro esteja se tornando mais acessível à classe média, ele ainda está distante do cotidiano do brasileiro comum.

Além do capital, é fundamental possuir conhecimentos que ainda são limitados para a maioria da população. Com a expansão das oportunidades no exterior, o investidor brasileiro médio agora tem acesso a uma ampla gama de produtos financeiros, sem precisar recorrer aos American Depositary Receipts (ADRs). Hoje, os Exchange Traded Funds (ETFs) estão em ascensão no mercado brasileiro, permitindo que os investidores diversifiquem suas carteiras de forma mais prática e acessível.

Os ETFs registrados na Irlanda, por exemplo, são uma alternativa vantajosa, oferecendo uma carga tributária menor sobre os dividendos recebidos e, em algumas situações, até isenção tributária. Dessa forma, a democratização do acesso financeiro permite que o brasileiro explore oportunidades globais, incluindo um “passeio financeiro” pela Europa, onde a Bolsa de Valores teve suas origens.